sexta-feira, 11 de abril de 2008

Entrevista com James Cameron

Enquanto o espião misterioso não libera mais fotos de sua visita aos sets de Avatar, fique com trechos de uma entrevista que o diretor James Cameron deu ontem à revista Variety. Eu resumi ao máximo porque muito do que foi dito ali é coisa que já foi postada no blog, sobre o mercado 3D, economia, etc.

Como você lida com materiais pra trailers, comerciais de TV e outras mídias que você não pode contar com a tecnologia 3D?

Todos os filmes são feitos para atender a várias mídias. Cada diretor sabe que seus filmes serão mais vistos no DVD ou na televisão do que em uma sala de cinema. Isso não muda a nossa forma de dirigir. Primeiro e acima de tudo, o filme deve ser muito bom. O 3D deve sempre ser pensado como um "turbo", como um potencializador, deve ser trabalhado em uma obra cuja principal preocupação está em sua história, seus personagens, seu estilo, etc.

Antes de eu decidir fazer um grande filme 3D, tive que me satisfazer com o fato de que o 3D não iria proporcionar uma experiência muito maior que a de ver um filme 2D. Apenas quando eu trabalhei o suficiente com as três dimensões e fiz alguns testes foi que eu me senti disposto a continuar com o trabalho em Avatar.

Fale um pouco sobre o jeito que você trabalhou com o elenco.

Eu estabeleci pra mim uma missão, que era manter o 3D fora da consciência dos atores. De vez em quando um deles ia ao teatro e assistia ao noticiário na TV só pra se habituar com o formato 2D. Mas isso não mudou em nada o que eles estavam fazendo no set.

Como o 3D muda a forma com que você edita um filme? A tendência atual de fazer cortes muito rápidos, tão populares em filmes de ação, não parece funcionar em 3D. Ou funciona?

As novas câmeras [usadas no filme] permitem o controle completo sobre o espaço. Se você sabe que está em uma cena que vai exigir cortes muito rápidos, basta desativar a opção "estéreo" e você pode fazer cortes rápidos sem problemas. A questão aqui é que só porque você está fazendo um filme em três dimensões, não significa que essa é a coisa mais importante em todos os takes ou sequências.

Qual é a importância de trabalhar no processo de pós-produção de um filme em 3D?

Você não precisa lidar com 3D em todos os estágios do processo. Somente em algumas situações específicas é que nós fazemos algumas adaptações. Mas uma cena é julgada apenas sobre o mérito de performance, funcionamento, iluminação, etc.

Sabe-se que filmes 3D que são optimizados para um certo tamanho de tela não funcionam bem se a tela fica muito maior ou menor. Tecnólogos estão falando sobre a necessidade de descartar o estéreo nas grandes telas e usá-lo apenas em telas pequenas. O que você acha disso?

Não concordo com isso, de jeito nenhum. Penso que o efeito que você está descrevendo tem mais a ver com o fato de que as pessoas tendem a se sentar mais longe de monitores do que de telas de cinema, levando em consideração o tamanho das telas pela distância. Eu certamente nunca mudaria o estereoespaço de um filme para que ele caiba em telas de diferentes tamanhos.

Quanto ao 3D em casa: A única limitação em ver um filme em três dimensões em casa é o número de títulos vendidos atualmente. A tecnologia já existe e é simples. É bom lembrar que o bom 3D exige uma maior proximidade entre platéia e tela, a menos que você está disposto a se sentar a 5 metros de um monitor de 50 polegadas, que apenas alguns nerds (como eu) fariam.

Na verdade, eu gostaria de pensar alto e dizer que daqui a 10 ou 15 anos, o 3D estaria onipresente, de cinemas a autdoors nas ruas, das telas domésticas aos aparelhos eletrônicos de mão. Pode ser que todas as notícias e informações virão até nós em 3 dimensões.

No futuro mostrado em 'Avatar', todos os dispositivos de exibição, incluindo computadores de mão e até fotos, estão todos em 3D.

Créditos à Revista Variety:
Tradução e adaptação: Caio Fernando Dainjah

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